Grito
Grito inaudível
Ao andar todos os dias
Pelas veredas da vida
A sentir na pele a injustiça que assola a sociedade.
Busco a arte
Para expressar o grito inaudível
Que do meu peito
Insiste sair.
Danço para mostrar
Que tu és igual a mim
E eu igual a ti
No compasso da música.
Dirás que não somos iguais
Financeiramente não
Mas onde tocas meus pés
Os teus não podes tocar.
Quem disse?
Sou livre!
Tenho livre arbítrio!
Vou onde quiser!
Mas a liberdade
Vai além de onde se deseja ir.
A liberdade está presa
Dentro de si mesma.
Liberdade...
Liberdade...
Liberdade...
Existe isso?
Não é só teoria?
Não é só neologismo?
Sinônimo de sujeição?
Ou mesmo alienação?
Se existe ou não,
Anseio por ela.
Do grito que assola meu peito,
Ela faz parte.
A arte grita liberdade
Solta o meu grito
Agita a sociedade
E faz refletir.
Danço...
Escrevo...
Pinto...
Componho...
Coloco para fora
Esse grito que insiste
Mostrar para que veio,
Mesmo calado.
A expressão fala mais que eu
E, silenciosa, diz mais que tu
Ao observar também calado
O que denunciamos.
A expressão fala mais de mim