Há de florir
Chove quase transparente
Penso nas cidades com seus parques vazios
E em seus melancólicos arrabaldes
Afligem-me os inclementes...
Em suas vidas, rotas e caminhos.
Os prédios não são indiferentes
Parecem tremer em suas fachadas
Não faz muito que pelo mundo pairava
Um ensaio tímido de paz
Mas nada é para sempre
A barbárie se faz.
Antes havia flores nas calçadas
Um sol morno se ensaiava
Abraçando a nossa Terra
Alimentava nossas utopias
Eram minutos, nos ensaios de fantasias
Distante estava a guerra...
Peço então neste momento
Não te esqueças de nós, primavera
Lança-te a todos os continentes
No teu florir, em nossos desejos
Nem te deixes levar pelo vento
No gelar do desamor
Que venhas com todo o fulgor
E voltarão a vingar - que seja em todo o lugar -
Portais de florações e concórdia
Livra-nos da tirania e da discórdia
Em teus rastros de sabedoria, primavera
Que os bons dias haverão de voltar...