Renascimento
O covid-ário, isolante social,
Em breve(?) tempo insano,
De conferir, ó Kaitano,
Se de perto é-se normal.
Você agora a sós consigo
Livre de máscara(?) ou disfarce
E se encara face a face
Preso a si mesmo a seu umbigo.
Deus lhe cobra a eficácia
De ser Deus por si viver
Só somente sem nem ter
Terra escolha outro vivência.
O silêncio é um desafio
Que a heróis pouco premia
Se sucumbem a maioria
Em discursos pro vazio…
Da guerra, os sintomas são
No covid-ário a isolamento
Benditos água, um alimento
Ao bicho humano na prisão.
Vêm as imagens com o febrão
O führer rindo ao seu temor
Em Chaplin hilário ditador
Rouba-lhe o mundo com sua mão.
Até que o êxtase persista
Um bigodaço do anti-irmão
Diz George Orwell: "é traição!
"Gulag é avesso socialista".
Agora o filme atro e circense
O novo vindo, desce o febrão
Na boina oliva da ilusão
De um bobo duce fluminense.
Para o epílogo há guardado
Em seu delírio ao mal temido
Um alívio chega ao ter-se ouvido
Chamar-te um bem-aventurado.
Não é a Terra sem memória:
O covid-ário ilustra o erro
Por gosto de se amar enterro
De esperança, vidas, glória.
Eis novo modo de prisão
Que o acaso arbitrou
Ao covidado lhe tirou
As pernas de circulação.
Firmou-se em peça do Poder
Propriedade alienada,
Da transação a ganho nada,
Ganha o consolo de não ser.
A enfermaria adia o esquife
Há luta por sobrevivência
Mas dura pouco e a impotência
O vírus toma o ar, quem vive…
Milagre há na fé de Adão
Prende seu prana no nariz
Saindo bípede e feliz(?)
Da horizontal, da intubação.