Poesia para a abertura da II Semana de Psicologia
num certo dia
minha cabeça
em puro devaneio
mei mundo de voz
quebrando o silêncio no meio
a primeira dizia
a oficina do diabo
é a mente vazia
e dele queira distância
ajoelha, reza, obedece
faz a prece
só entra no céu, quem merece
a segunda sussurrava
de forma afetuosa
e me cobrava
que eu fosse mais amorosa
alegava teto, água, luz e comida
que eu era inquilina
daqueles que me deram a vida
a terceira gritava
chegava a atordoar "faz isso, não faz aquilo"
marionete, tem que se adequar
o padrão foi criado
e você tem que encaixar
a quarta me dava medo
e quase me enlouquecendo
falava que a comida não ia dar
é remédio, e tanta conta pra pagar
se dormir a fome não ia passar
em baixo de sol quente meu juízo ia derretendo
e eu quase invisível, nem tava mais me vendo
A quinta voz latejava na desistência da vida
Comia pressão e pressa
Depressa, tremia em seus anseios
Se via como produto no meio
De tudo que já não cabe falar
A sexta voz secava a garganta
Engolindo-se em desilusão
Desistências e frustração
Me desanimava em pó
E só insistia pra ficar só
A sétima voz
Desclareava as vista
Do céu que não vê da boca
Se ria de uma palavra ou outras
Das coisas reais que não existem
e foi que de repente, a voz de fora apareceu
e nesse instante, me acolheu
olhou- me mais a fundo
me reconheceu
ouviu o que eu tinha a dizer
e tudo que eu sentia
me mostrou a subjetividade
e também a empatia
E os nós desatando
Meu juízo se organizando
Como quem arruma casa bagunçada
Ajeitei cada parte de mim
E posso, então, sorrir assim
Com minha mente mais sossegada