Poema sociológico

“Não longe ecoam os gemidos de um povo...

Escondido entre latas de lixo e debaixo de pontes...

Sem senzalas, sem salas, nas masmorras modernas do nosso século presente...

No meio do desespero mundano que ultraja o ser...

Caminham por entre nós sem serem notados...

São fantasmas presentes da fome, da miséria, do descaso e do abandono...

Da podridão do lixo do luxo que os alimentam...

Não são pessoas, são apenas estatísticas dos projetos para o futuro...

Mesmo sem identidade, sem pertencerem e sem existirem...

São moedas de troca em cada eleição...

São desesperanças de um povo ignóbil...

São as vielas da miserabilidade de uma sociedade néscia...

São as sarjetas do desencanto pueril...

São a falta de vergonha da luxúria incomensurável...

São os restos da podridão que assola as classes sociais...

São marginais à vida...

São periferias das políticas públicas...

São os esgotos escrotos da lavagem da riqueza...

São brasileiros servis...

São escravos da pobreza...

Na ausência de escolas...

Na ausência de hospitais...

Na ausência de empregos...

São o resultado do modelo social...

São brasileiros servis...

São brasileiros, apenas e tão somente brasileiros...

Que vagam sem esperanças... no desespero de novas esperanças”

Josemar F Pegorette
Enviado por Josemar F Pegorette em 30/08/2022
Código do texto: T7594228
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