Sementes da Resistência
A gente, que antes semente.
Agora brota nessa terra seca
Aproveitando tudo, para que nada se perca
Parece milagre de se ouvir dizer
Fizemos florescer, mesmo parecendo que ia morrer
E resistir não é uma opção
É uma forma de existir
Pro povo pobre dessa nação
Sou parte dessa gente
Gente do sertão
Que acorda de manhã cedo
Passa o dia em baixo de sol quente
Pra depois, toda essa gente
Vir falar de meritocracia
Vocês acham mesmo que “nois” gosta de viver nessa agonia?
Comendo migalha que cai da mesa
De quem tá lá em cima
Comandando do topo
E a gente se virando
Com quase nada, ou muito pouco
Politico e empresário ambicioso
Que faz da nossa miséria um negócio rendoso
E a gente pensa que a seca é só reflexo da natureza
Conversa fiada
É resultado de ambição, pura avareza
Dos engravatados, sentados no senado, rindo de nossa tristeza
E depois de quatro anos chega a eleição
Oh políticos, cheio de simpatia, numa só alegria, distribuindo aperto de mão
Caminho nesse massapê com o pé rachado, a mão cheia de calo, e o juízo calejado
De tanta falsa promessa, e o povo ainda cai nessa...
É que a gente custa a acreditar, que o dinheiro vale mais que a gente
E a dor que a gente sente, nem sou capaz de lhes falar
Mas a gente sabe o nosso valor
E mesmo com o peito cheio de dor, nós vamos lutar
Somos a base da sociedade, plantamos, colhemos e alimentamos a vaidade
Dos grandes empresários, que usam a seca como desculpa para nos humilhar
E ainda nos põem, a culpa de não prosperar
Sobra seca e miséria, falta comida, e consciência
Mas calma doutor, não se preocupe e nem perca a paciência
Já “fizemo” nosso trabalho, com muita competência
Plantamos, e regamos
As sementes da resistência.