O que restou de uma pandemia global
Pessoas cujos trabalhos eram o seu bem
Hoje vendem balas nas ruas, vendem o que têm
Vírus que abocanhou a vida e trouxe o mal
Jovens sem destino e sem dignidade
Que eram felizes e tinham sonhos
Andavam livres e risonhos
Hoje são resultados da pura maldade
Aqui da minha janela eu avisto
Pernas e corpos cansados
Sob olhares dos lojistas desconfiados
Que sabem o perigo que era previsto
Daqui mesmo do terceiro andar
Vejo homens e mulheres pedindo esmola
Crianças no colo, outras matando o tempo com uma bola
Só querem mesmo sair e trabalhar
Hoje um homem pedia um prato de comida
Passantes bem-vestidos e com um bom cargo
Olhavam de lado, passavam ao largo
Mesmo sabendo que sua vida foi destruída
Hoje eu mesmo vi a tristeza do mundo
Pessoas vivendo porque seus corações ainda batem
Mas suas almas e corpos se debatem
Na tristeza e angústia do submundo
Amanhã espero não os ver mais
Espero que seus destinos sejam outros
E de onde saíram, este calabouço
Seja transformado em sonhos reais