Metafísica Circundante à Vida

Eu acordei da mesma forma como outro dia qualquer,

Um homem empalhado (a contragosto) na pôs-modernidade.

Diante de mim, a solidão estatelada na monotonia dos computadores e televisores.

As redes sociais, os e-mails e as fofocas só alargavam o cuspe valorativo.

Feria-me numa entediante repetição monocrática, os burocráticos papeis,

Que de forma disciplinar sufocavam os indizíveis desejos de liberdade.

Os cansados olhos almejavam os domingos rebentados em alguma ventura.

Com o elmo do ego cheio de nada e repensando minha insignificância como poeira cósmica,

Questionei repentinamente: o que há na evaporada adega que é a vida que

Justifique toda essa epopeia existencial? Qual forma ou sabor justifica e enobrece essa vida?

É um gesto sem vigor, olhos secos esperando a miragem da morte, força direcionada ao vazio?

E mesmo que a jornada seja injustificável por frágeis dogmas, valorizada num sólido axioma, Veio ao crânio um redemoinho de recordações... Vivencias que amenizam

A pedra de Sísifo - suavizam o passar dos anos no caminho terminal.

As vozes das lembranças ecoaram evasões de sentimentos, que mesmo irregulares,

Davam-me força para suportar o fardo de ninharias.

Lembrei-me que dilacerei o cotidiano em inusitadas viagens mundo afora.

Lembrei-me que os bárbaros fins de tarde eram acalentados pelo carinho familiar.

Lembrei-me que os lábios eram refrescados num intenso vinho.

Lembrei-me do estomago forrado com a boa culinária e engenhosas ideias que divertiam o cérebro.

Então olhei para o teto do ceticismo absoluto e afirmei: não nasci para pagar contas, trabalhar

E depois caminhar bovinamente para a morte. A vida intensa adoça todas as coisas.

Se a vida é curta e muda de sentidos, não são seus becos sem saída que causarão paralisias.

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 19/08/2022
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