Alguns Dias Distante de Pasárgada

Eu permaneço com o peito na ilha dos dias vazios,

Terreno baldio, cheio de erva daninha.

Eu tenho jogado fora todo o ânimo enquanto

Vejo pessoas vivendo num consumismo vão.

Quisera eu nesse vazio encontrar a famosa Pasárgada

Para libertar-me do tédio, suavizar o peso do crânio.

Como abandonar as atitudes bestializantes

Dessa gente mesquinha que cospe salvações aos quatro ventos?

O que pode preencher as inquietações para lá de metafísicas?

Os filósofos e teólogos discutem em prolongado palavreado

O ser e a ética, a matéria do cosmos, a origem do universo...

Mas tudo isso são ideias que não abalam o pesado ar.

Há várias Joanas loucas pelas ruas

E não tenho nenhuma intimidade com os reis do meu país.

E esta vida em dias toscos, esta estrada sem volta,

De tanto valorizar instantes fúteis, de tanto misturar joio com o trigo,

De verter sangue em pútridas pérolas,

De tornar atos cínicos em prodigiosa terapia,

Tornou tão distante a gostosa cidade de Manuel Bandeira,

Terra quase impalpável nas utopias e sonhos.

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 17/08/2022
Reeditado em 28/11/2022
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