POETA SOLANO TRINDADE
A CURA PELA POESIA
Talvez a poesia nos salve
de uma catástrofe maior,
resgatando nossas vidas
deste pesado pesadelo
em que estamos atolados.
A corda estendida
nos mostra
toda a animalidade
- tão próxima – do ditador.
As feras, soltas, nos apavoram;
famintas nos devoram,
nesse anfiteatro romano.
Eles riem como hienas,
menosprezam a inteligência
e todo o sofrimento;
em bando, armados, nos atacam
mostrando toda a ferocidade
que agora se espalha
por todas as cidades
como forma de intimidação.
Se não há poesia
na poesia que escrevo,
por ser protesto,
por não ser arte,
que viajem com Solano Trindade
nesta revolta:
porque tem gente com fome
naquele trem sujo da Leopoldina.
Nelson Marzullo Tangerini