Apenas Mais Um Escrito Sobre a Miséria e Desilusão Social
Mãos para o labor,
Olhos vidrados nas ordens e hierarquias,
Coerção excessiva para obrigarem
Os compradores de marmita a trabalharem
Oito horas por dia para apenas comerem e pagarem dívidas.
É a tal liberdade de escolha no mercado de trabalho?
O que fizeram das cabeças proletárias?
Escravos assalariados que respiram ilusões em happy hour.
As ruas estão abarrotadas de pedintes,
Não há emprego, muito menos preço justo do pão.
Na febre eleitoral, o genocida governo oferece mofadas benesses
Enquanto o agronegócio não produz alimento para o povo,
Mas para atender as comodities internacionais...
O agro é pé de galinha no prato,
É soro de leite nas prateleiras dos supermercados,
É venda de sobra de queijo, farelo de arroz.
Agro é fome para crianças, lucro para seus sócios.
Agro é farelo de arroz para a classe média, produção de riqueza para latifundiários.
Nas lacunas do sistema, onde o povo tenta sobreviver,
A plutocracia utiliza suas armas: manipulação ideológica, corte de gastos públicos.
E qual o valor do trabalhador brasileiro?
Ingerido pelo buraco sem fundo do desemprego, da precarização,
No deserto do real onde a justiça é burguesa, de lado partidário bem definido,
As empresas demitem funcionários para depois contrata-los por menor salário.
As férias são picotadas em até três vezes ao ano. Incentivo ilusório de empreendedorismo.
Diminuição de auxílio sindical aos interesses dos trabalhadores.
Nas cidades caldeirões de miséria, a lei agora decreta o lado mais voraz da mais-valia.
Artigo 7 da Constituição Federal Brasileira - versão 2.0 reformada pelos golpistas parlamentares e de toga.
Enquanto tomo meu cappuccino e horrorizo com o pouco dinheiro no app bancário,
Famílias inteiras não livram seus corpos da abominável fome na W3 Sul,
Jovens moribundos aspiram a sensação do crack na Praça da Sé.
E nos injustos braços dos lucros
Os banqueiros sorriem diante dos abusivos juros que cobram dos humildes,
As empresas crescem seus patrimônios achatando os salários
Mediante o exercito quase sem fim de desempregados.
O alfabeto da miséria se renova, brota, avoluma.