O morro cinza do menino danado

Um menino pulou no rio e

saiu voando, voava aquele menino e

era domingo e domingo muito quente

verão muito quente, quente.

O menino pousou no morro, correu,

correu como sempre

correu e gritava e girava e sorria

brincava de pegar o pão e o leite

pra matar sua fome de menino danado.

O morro cantava o samba e o samba

falava de amor e de dor e depois de amor.

Camisa de brim, calças de brim, lenço de seda

o menino agora fazia samba e animava a sua vida

e sua vida era a mulata forte e trabalhadora

que roubou seu coração de homem danado.

A fome calava a voz árdua do seu povo, sua família,

o horizonte era cinza e arteiro feito o menino

que vendia geladinho na praia e na mansidão

mergulhava num outro mundo de ouro.

Estudava e trabalhava, fazia seu pé de meia

o menino danado virou um homem danado

guerreiro da liberdade e da luta de sempre.

Luciano Cordier Hirs
Enviado por Luciano Cordier Hirs em 30/07/2022
Reeditado em 30/07/2022
Código do texto: T7571539
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