Zoinho
Descalço
Descarnado
Vivendo por um fio
Menino
Franzino
Chamado "Zoinho"
Indignado
Peito estufado
Apesar do bucho vazio
Desarmado
Sozinho
Enfrenta a Guarda Civil
Nos olhos
O ódio
De quem jamais sorrio
Desalmado
O Estado
Aponta o fuzil
O descaso
O vazio
E a pedra no caminho
A fome
A fera
E as noites de frio
Confronto
Escombro
E o escambo vil
O despejo
O desespero
E o desterro de quem sucumbiu...
"Zoinho" enfrenta a polícia
A má lida e a falta de sorte
E um pouco por dia morre:
De bala 'perdida', fome, injustiça…
E nisso ele não está sozinho
Há muitos iguais em desgraça
Cuja sina é ver o prato vazio
Ou cheio das próprias lágrimas.
O Senhor, de cuja face escapa ninguém,
Tem sempre os olhos fechados
Para esse tipo de caso, situação
É que no Rio, Recife ou em São Paulo
Como diz o ditado, o refrão:
Deus é uma nota de Cem…
(...você só vale o que tem… na mão)
Fora acertado pela pedra do Estado...
Baseado na notícia de Jornal:
"'Zoinho' enfrentando Guardas Civis Metropolitanos (GCM) em São Paulo, 2004."
Foto: Evandro Monteiro