A realidade dessa Sociedade
Eu queria saber a verdade.
Queria entender como vivem nesta realidade.
Queria entender como aceitam essa infelicidade.
Queria saber o meu papel na sociedade.
Realidade onde,
a cada 8 minutos, uma mulher é estuprada.
Realidade onde,
a cada 1 hora, 177 mulheres são espancadas.
Realidade onde,
a cada 1 hora, 503 mulheres são agredidas.
Realidade onde,
a cada 2 horas, uma mulher é assassinada.
Volto e questiono:
Como é que não dão apoio a elas?
Como é que conseguem julgá-las?
Como é que conseguem pressioná-las?
Pressionam para se sentirem culpadas.
Pressionam para continuarem caladas.
Pressionam para se sentirem envergonhadas.
Pressionam para escondem que são violentadas.
NÃO,
não foi ela que chamou atenção.
NÃO,
não foi ela que pediu pela violação.
NÃO,
não foi ela que criou tudo da sua imaginação.
Agora sei,
meu papel na sociedade é saber a realidade.
Realidade que ela foi mais uma das vítimas dessa criminalidade.
É saber também,
que há várias delas.
Delas que lutaram.
Delas que enfrentaram.
Delas que sobreviveram
e espero,
delas que enfim, floresceram.
(Dedico a todas elas, mulheres, guerreiras e sobreviventes.)