Outra manhã. Fogaréu.
Numa panorâmica
Meus olhos percorrem a sala
A mesa de pedra gélida
As cortinas que abraçam as janelas.
As cadeiras estão alinhadas
São como meninas comportadas
De um austero colégio interno.
Acordo a lareira que dorme
Para ouvir o tinir da brasa
O dançar da chama que incendeia.
A manhã goteja delicada
No escorrer do dia
E o silêncio se dobra
Ante a canção flamenca
De Paco de Lucía
Dilui-se no ar, andarilha
Faz par com o fogaréu que se expande.
Tudo ainda dorme na manhã fria
Mas nada se faz triste neste instante
Posto ser, somente, uma solene manhã de inverno.