Outra manhã. Fogaréu.

Numa panorâmica

Meus olhos percorrem a sala

A mesa de pedra gélida

As cortinas que abraçam as janelas.

As cadeiras estão alinhadas

São como meninas comportadas

De um austero colégio interno.

Acordo a lareira que dorme

Para ouvir o tinir da brasa

O dançar da chama que incendeia.

A manhã goteja delicada

No escorrer do dia

E o silêncio se dobra

Ante a canção flamenca

De Paco de Lucía

Dilui-se no ar, andarilha

Faz par com o fogaréu que se expande.

Tudo ainda dorme na manhã fria

Mas nada se faz triste neste instante

Posto ser, somente, uma solene manhã de inverno.

Maria letra e cor
Enviado por Maria letra e cor em 29/06/2022
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