PRECISO

O voto é a fé que liberta a mão cansada e os joelhos doídos das promessas

dos desvalidos.

É a aceitação do que somos enquanto nos representamos nos palanques que

é nosso por direito.

Pelos olhos do voto nos vemos na mesma linha horizontal que faz a farinha e o

mingau.

Através dele conquistamos o que nos torna tão iguais nas paredes universais

do poder.

É nosso guia e nos põe vigia pelas salas que testemunham as reuniões

ocultas nos bastidores que escondem as culpas.

O voto é parceiro e coletivo em sua inclusão, a gênese do individualismo está

na ação que o faz secar na fome pela mão voraz do homem.

É a porta de saída, no momento em que a vida escoa pelo ralo a riqueza do

operário e vai desaguar do outro lado a encher o bolso dissimulado.

O homem divaga e não sabe que o voto é gesto que abre a janela mais

próxima de toda beleza que nele mora.

O voto humanitário bem guardado deita lado a lado em sua rede de proteção

o peão e o patrão, embalados pela paz que jazz na mesma direção.

O voto sangra e desliza sobre nossa dor imprecisa,

estanca e espera aflorar noutra era e nessa onda contínua que oscila nossa

decisão o voto anseia coragem pra vicejar nossa evolução.

Caminha léguas a pé, navega pelas embarcações nas profundas águas da

determinação, mas não perde a fé em seu coração.

Jorre esse voto da consciência pela garganta a fora, nos hospitais,

emergências, favelas e nos funerais dos quilombolas.

Orlando Alves Ribeiro
Enviado por Orlando Alves Ribeiro em 28/06/2022
Código do texto: T7547420
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