Sigo balançando

Gestado em inconfessáveis pactos

Com muito zelo foi tratado seu pré-natal

Produto para idiotas natos

Em horário nobre o engodo audiovisual

Vendiam uma corrupção insuportável

Perigo de morte por inanição

E o que sempre conhecíamos como execrável

Apresentaram como solução

“Antes empregos que direitos”

“Se gasta muito com educação”

“Patrimônio, se é nosso, é imperfeito”

“(Espertos) compradores farão melhor gestão”

E nasceu saudável, choro forte

Olhos livres perceberam a aberração

Os vestidos de antolhos desconheciam o norte

Mas para eles tanto faz a direção

Para eles o importante é ser guiado

Ignorantes, desconheciam a direção “pra baixo”

Mas boiadeiros pastoreiam bem o gado

Mesmo à caminho do abate não abaixam o facho

Foi o legado, o passado, a pandemia, a alquimia

Qualquer coisa para explicar a explosão dos rotos

Fundamentos na canalhice, na burrice e sua demagogia

Nunca do desgoverno: a culpa é sempre dos outros

E vivendo no seu mundo paralelo

As vítimas são culpadas de sofrerem os delitos

Toda lógica é farelo

A verdade é só um detrito

Mas desafio a encarar a realidade

Sei que na honestidade são meio crus

Trocam argumentos por agressividade

O que só confirma: seu rei está nu

O estrago é de grande monta

E pensam que somos inocentes

Suas desculpas não fecham as contas

Auto engodo para inteligências indigentes

E arrotam se respaldando em suas vitórias

O horror na sua covardia justificado

Mas bom juiz é o tempo e a história

O seu luxo em lixo ressignificado

Sei que não dá para aliviar o sarrafo

Mas percebo como é difícil esta labuta

Lendo Rui Barbosa chegar a fazer um desabafo

Vejo quanto antiga é esta luta

E me vem pensamentos coxos

Vassalos de uma dor suserana?

Derrotismo corre frouxo

Quando como paraíso vislumbro uma cama

Mas se for investigada a fonte

Quiçá uma claudicante caminhada

Responsável pelo balanço do horizonte

E que resulta numa existência nauseada

Mas sei que alternados são os estados

E no relaxamento se enche de sangue o coração

Para na sístole este sangue ser bombeado

Persisto! Vivo! Parar? Eu digo ainda não.