O Clamor dos Inocentes
Mais lágrimas para serem derramadas
Pelos que amaram eles que foram embora
Mais dores dentro de seus corações apertados
Pelas saudades que virão e aos poucos
Viraram lembranças e o gosto amargo da impotência.
Na minha infância nessa terra grapiúna
Eu aprendi com minha avó
Que se matava gente como se matava passarinho,
Porém, hoje se mata mais gente
E o Ibama não deixa matar os passarinhos
Até prendem a quem matar qualquer bicho.
Na Amazônia de nossa machucada terra brasilis
Estão tirando vida de todos que lutam
Pelo próximo, pelo beija-flor, pelo tatu-bola,
Pelo macaco que furta banana na feira
Porque lá sem seu habitat não tem mais bananas.
Os governos que deveriam governar têm suas mãos
Sujas de sangue e suas almas apodrecidas de ódio
Pelos heróis e heroínas que tentam proteger
Cada ramo verde de uma árvore, um fio de água,
Um fluir de espírito dum indígena guerreiro.
Famílias daqui e de lá estão enterrando seus entes
E fazendo escrever nos livros de histórias
O quanto é mal o homem que rouba a vida de cada
Ser que tenta proteger os espíritos das florestas
As almas aguerridas dos seres que jamais deixarão
Facilmente destruírem nosso eterno “pulmão do Mundo”.