Vale?

É o que vale,

A lama que encobre gente,

Comportas Arrebentam,

Vidas que são levadas,

Rejeitos viraram lavas,

Arrastando tudo que está na frente.

O quanto vale,

A vida dos imergentes?

Histórias foram enterradas,

No cemitério da escória,

Vale o que está na memória,

Fica o eterno vazio,

E o choro pelos ausentes.

O que vale as águas daquele rio?

O que era doce acabou-se,

Peixes morreram,

Sumiu,

E o que foi rejeitado,

Se espalhou no Brasil,

O quanto vale a desordem,

Justiça,

Sempre servil,

Dinheiro vale o que compra,

Quem tem,

Se torna viril.

Bento agrediu Mariana,

Que se banhava no rio,

E Brumadinho,

Em profunda tristeza,

Não aguentou,

Se partiu.

Vida que vale "uns" bocados,

Vale o que tudo ruiu,

Vale valores trocados,

Se enterrar,

Ninguém viu.

Vale a tristeza e angústia,

Vale o imenso vazio,

Vale o lucro injetado,

Vale o que destruiu.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 14/06/2022
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