Vale?
É o que vale,
A lama que encobre gente,
Comportas Arrebentam,
Vidas que são levadas,
Rejeitos viraram lavas,
Arrastando tudo que está na frente.
O quanto vale,
A vida dos imergentes?
Histórias foram enterradas,
No cemitério da escória,
Vale o que está na memória,
Fica o eterno vazio,
E o choro pelos ausentes.
O que vale as águas daquele rio?
O que era doce acabou-se,
Peixes morreram,
Sumiu,
E o que foi rejeitado,
Se espalhou no Brasil,
O quanto vale a desordem,
Justiça,
Sempre servil,
Dinheiro vale o que compra,
Quem tem,
Se torna viril.
Bento agrediu Mariana,
Que se banhava no rio,
E Brumadinho,
Em profunda tristeza,
Não aguentou,
Se partiu.
Vida que vale "uns" bocados,
Vale o que tudo ruiu,
Vale valores trocados,
Se enterrar,
Ninguém viu.
Vale a tristeza e angústia,
Vale o imenso vazio,
Vale o lucro injetado,
Vale o que destruiu.