E AÍ, ESTÁ BOM PARA VOCÊ?

Olhe o derredor e tape os ouvidos!

Palavras não consertam os cenários descabidos.

A realidade é a única voz da verdade.

Nas guerras sem fim

Há bombas invisíveis, você pode ouvi-las?

E o tom? Está bom para você?

Aumente o volume do seu coração.

As dores mudas...gritam incontáveis .

Não há mais compaixão,

Só cenários de sofreguidão.

Está bom para você?

Mais um morro ruiu e a culpa é inominável.

Há um deboche crônico da surrealidade.

Homens do ontem e do hoje

Passeiam de mãos dadas...

Mãos inerciais que construíram e ovacionam o seu nada!

Está bom para você?

A morte ronda todos os abandonos por parte de quem já sabia.

O rio chora a vertente da água contaminada.

A chuva desce sem dó do que não se fez.

Ninguém controla a Natureza

Nem a dos Homens de tanta vileza!

Os "apartheids" estão democratizados na dor

Para os todos da terra há falta do amor.

Em nenhuma guerra há vencedor.

Está bom para você?

Há um criança, logo ali, de olhar apático.

parece sem vida.

E mais uma, e outra ali!

talvez já estejam de partida...

Aquela menina da boneca acaba de parir na calçada,

Em meio a todas as drogas semeadas na terra vilipendiada.

E mais uma barraca foi montada.

São as dádivas das mãos que cuidam...

Epidemias do mal não ceifado

Num chão tão triste, nunca cuidado.

Campo minado!

O discurso é bonito, cativante, mas nunca operante!

Há "botons" brilhantes em todas as lapelas dos descasos.

As gravatas empinadas dos colarinhos engomados

prometem tudo às vidas do nada que resvalam nas existências!

Quantos púlpitos em decadência!

E alguém ainda pede para você rezar.

Obedeça.

Quem sabe algum milagre aconteça?

Está bom para você?

A retórica fala duma poesia que nunca se ouviu.

Estranheza de toda a realeza!

Toda a rima aqui sucumbiu.

Epidemia de falsos sofistas nas telas impressionistas!

A mídia é imperialista.

Os versos seguem a esmo, sem direção acertada.

Há só mais um vazio na estrada roubada.

Mais um tiro ruiu...sobre a vida que sequer emergiu.

E aí...está bom para você?

A fome ronca alto dos estômagos vazios

que alimentam os intestinos fisiológicos da ganância!

Quantas nobres panças !

Que se alimentam dos suores em vão,

das mãos espalmadas na solidão...

Tim-Tim!

Há mais um brinde de bolhas espumantes

Enquanto todo o oxigênio cai nas poucas células restantes.

E está bom para você?

Mas sempre há o encontro dos deuses,

os ridículos seres das migalhas

que prometem consertar...as mortes já seladas...

Em vida contratadas.

Há tanques de guerra implantados

no cerne da carne da terra.

"Chips" de comando intangível da robotização do inexistir.

Aplausos mil!

Eis concretização do futuro prometido.

A doença que matou promete salvamento.

Quantos horrores...

E aí?

Continua bom para você?

Haveria mais algum voto invencível

Ao protagonismo das dores

E à vitória dos tantos alheios umbigos?

À tanta surrealidade tape seus ouvidos!

Acione as lentes à intangibilidade.

A realidade é a única voz da verdade...