É Vida Real
Para os olhos,
Spray de pimenta,
Mora em favela,
Fuzil te arrebenta,
E a polícia,
Sem a inteligência,
E o extermínio,
É um projeto social,
De forma sangrenta.
Te falta o ar?
É o gás lacrimogêneo,
As lágrimas que provocam,
No conceito coletivo,
Logo estarão no esquecimento.
O gás que inala,
Te cura da doença,
Pois não era vida,
Era a sobrevivência.
Foi um mal súbito,
E mais uma advertência,
Burla quem pode,
Quem não pode,
Pede clemência.
Ninguém invade Brasília,
Não há tiros,
Só tragédia.
Geram a fome,
Desemprego,
Mortes,
Também misérias.
A lei que perturba a ordem,
Ordem,
Divisão do muito para poucos,
Assim se opera.
Operação no Planalto não entra,
Ali,
O crime manda,
Impera.
Imperador eleito pelo povo,
Democracia à la clientela,
Àqueles com mais Defensores,
Irá tirar mais,
Mais de um pouco,
De toda e qualquer panela.
Fogão à lenha,
Água fervendo,
E a carne em oferta.
Carne do pobre,
Açougue do gueto,
E bebe o sangue,
Que escorre por entre as vielas.
É a vida real,
Não é série,
Ou novela.