PARA NINAR GENTE GRANDE
Não importa que estejam de pés descalços, incautos;
Não importa que tenham as pernas tortas, rotas(ô);
Não importa que mostrem a pança, essas crianças;
Não importa que tenham vermes, nada as impedem;
Não importa que andem nuas, nas ruas;
Não importa que sejam paraplégicas, tetraplégicas;
Não importa que sejam nojentas, remelentas;
Não importa que estejam sujas, caramujas!
Não importa que sejam dentuças, banguelas;
Não importa que tenham caras abortadas, amordaçadas;
Não importa que tenham olhos arregalados, aboticados;
Não importa que sejam mendigas, com feridas;
Não importa que tenham cabelos pixains, sejam mirins;
Não importa que sejam excepcionais ou débeis mentais;
Não importa se nunca foram à escola, peçam esmolas;
Não importa que não tenham pais, estejam fora dos anais.
Importa que foram nascidas, estão crescidas;
Importa que tenham um futuro, essas criaturas;
Importa que são filhas de Deus, mesmo vivendo ao léu;
Importa que as tiremos do abandono, desse “sono”;
Importa que nos despojemos desse sistema;
Importa que cuidemos desse problema;
Importa que a realidade seja nossa, essa mossa!
E... importa, sim, ó cara pálida!
Tomemo-nos vergonha na cara!