FIM DE LINHA
Pessoas perdidas
Numa cidade perdida
Olhares perdidos
Sem esperança de vida.
Um dia conheceu o poder
Poder que a pedra traz
Deixando família
E a dignidade para trás.
Nunca mais se recuperou
Dessa doença insana
Que tirou sua vida
E toda sua grana.
A dignidade se foi
Acabou o cidadão
Não vive mais, vegeta
Em meio a multidão.
Olhando para si
E para todos os demais
Percebe que acabou
O seu caminho de paz.
Essa busca incessante
Da tal felicidade
Foi o que o fez
Ficar perdido nesta cidade.
Encontrou a felicidade
Por alguns dias, enfim
Mas com ela veio a loucura
Será esse seu fim?
Fim de linha
Vem a polícia
Tira do corpo
Aquela alma sofrida.
Quantas almas vagueiam perdidas pelo centro de São Paulo, sem casa, sem vida, sem esperança
Cracolândia um espetáculo de horror, dirigido por governantes omissos e irresponsáveis.