Proletário
Carimbo de arrimo.
Prensa de indústria na locomotiva avariada.
Soluço intempestivo em meio a multidão esgotada.
Silêncio oportuno do acalanto e do descanso;
Faz da escora metálica travesseiro do adorno.
Repete-se em meio ao caos...
Renitente do dia e da noite.
Enclausurado e cansado por dias a fio,
Do cochilo fugaz reaviva a vivência
No comboio abarrotado de saída saliente.
Aperto do destino desdobrado em circunstância,
Faz reprodução fidedigna do sistema inoperante.
Estás a alimentar sua prole,
Pobre proletário.
Sustentas tu, tuas filhas e teu patrão.
Oh! Vida de cão!
Nada encontras de optação.
Subjetiva condição que se demora!
Tens o arbítrio do objeto,
Objetivo e material.
Concreto armado em demolição.
Empurras a locomotiva com os braços.
Não sentes?
O sistema emperrara o trilho
E o operário fará a recomposição.
É dele que sai a moeda,
A forja, o aço e a possibilidade.
Pararemos a composição e o mundo;
Mudaremos o presente e o futuro.