Rasgar a fantasia
O Tempo passa depressa,
Eu me distraio e não vejo,
E vou ao que me interessa,
Lutar contra o desespero.
Trabalho pra pagar contas,
E financiar o governo,
Eu sou quem cata as migalhas,
Para eles terem os seus pratos cheios.
E o que importa?
Se eles me dão o Carnaval,
Festas de janeiro a janeiro,
Desfile em carro alegórico,
No bloco do desemprego.
Mascara o valor da carne,
Enfeita o da gasolina,
Virilidade ao exército,
Alegoria de ouro,
Na banda do MEC em Brasília.
É ano de apuração,
As motos vão pra avenida,
Bobo da corte na frente,
Atrás vão os seguidores,
Não se importando com vidas.
Querem enganar os jurados,
Superfaturam o confete,
E também a serpentina,
De maquiagem borrada,
Blocos, partidos e milícias.
Vamos às ruas meu povo,
Rasgar nossas fantasias,
Bundas dispostas à janela,
Só para vossa alegria.
A máscara já está velha,
Mas ela sempre serviu,
Ou direita ou esquerda?
Tonto ainda anda o Brasil.