NESSES OLHINHOS DE BOLEBA
Quando olho fixamente
Os seus olhinhos de boleba
Brilhando como duas contas
No céu desse lindo olhar,
Quando desponta singelo
Esse sorriso inocente
Pintando de melanina
As cores da esperança,
Iluminando de poesia,
Com sua existência pueril...
Penso que ainda tem jeito.
E enternece o meu peito
De um amor puro, raiz
Ancestral e aprendiz
Que preenche de ternura
O coração algemado
Num passado escravizado
Desterrado, destruído
Cruelmente apagado
Dentro dos meus ancestrais.
Anjinho negro, eu lhe olho
E os intermináveis abrolhos
Dissipam-se pra nunca mais
Seus olhinhos de boleba
Brilhantes, iluminados
Conseguem me trazer paz.
Eu penso que inda tem jeito
E luto pelo seu direito
De ter liberdade e ser feliz
Sem discriminação e racismos
Com orgulho de sua origem
Sua identidade e país...
By Nina Costa. Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil