ninguém atende

Há um choro fino de cão que ninguém atende

Há uma mãe que chora por seu filho

E ninguém atende

Há uma mão erguida em pedido

que fica vazia

E ninguém atende

Há sempre mais uma prece,

Um rogo

Aquele que implora atenção

E ninguém atende

Há uma lágrima que escorre em plena treva

Ninguém vê

Mas todos a pressente

Há uma lástima ruidosa que percorre

a sala

Há uma leve brisa a acariciar a montanha

Que intrépida permanece erguida em cenário

O que as montanhas pedem aos céus?

O que as mães pedem pelos seus filhos?

O que faz essa mão pedinte

a esmolar pelo caminho?

Para tudo isso

Ainda não tenho respostas

Me falta o gabarito da vida

E nessa infindável maeutica

Vivo a esmolar lógica e sanidade.

Mas tudo é tão insana e insólito

Mas tudo é tão caótico e coerente

Que de paradoxo em paradoxo

Sigo a perceber aqueles que invisíveis

Ninguém atende.

O telefone toca

E ninguém atende

A essa altura o irrespondível

Silêncio é a resposta para todas

As agonias

que cíclicas perpetuam-se,

Multiplicam-se.

Não posso partir

A âncora amarra-me

Porque você permanece

Sob a ilusão do farol.

Se tudo é treva

Se tudo é pedido

que ninguém atende.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 21/11/2007
Código do texto: T745564
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.