Canalhas!
Não se move nem se espalha,
Imóvel como a bala,
Que sai do cano torto,
Da espingarda velha.
Tão bela como a praia,
Molhando as canela dela,
Na foto do desbotado quadro,
Em frente da janela.
Espera...
Não derrete a vela acesa,
Amarela...
A cor das sua rubra face,
Tão meiga e singela.
Seus lábios entre abertos,
A língua serpenteia e cala,
Não grita... Vida... Sofrida,
Emerge e vinga.
E limpa...
O sangue...
Espirra!
Manchando a imagem imaculada.
Da Virgem.
Não para a granada que espalha,
Como uma patada de mula.
A louca insanidade,
A verdade nua e crua.
Os olhos desbotados,
Não vêem nuvem turva.
Chove...
Mergulha...
A lama...
Continua.
E o sangue negro.
Se mistura.
Canalhas...
Nas ruas.
Matam...
Contínua luta.
Canalhas...