Mad Max

Inúmeros quilômetros pra trás

Enquanto tragédias são esquecidas

Ao menos é o que se tenta

Mas quase sempre em vão

Nesta terra de ninguém

Onde sanidade é luxo

A poeira e o medo é o que predominam

Pois as preces de outrora não mais funcionam

O que fazer?

Num mundo caótico dominado pela violência

Ser louco talvez seja a solução (ou quem sabe, vai saber!)

A fina e cruel diferença entre conseguir viver (por uns dias)

Ou morrer (na mesma hora, ou em ingratos segundos)

Enquanto o sangue é retirado (sem o uso da misericórdia)

As memórias seguem como finas agulhas (a espetar sem aviso)

As horas, mais que trágicas, parecem nunca mais passar

No que ouço uma guitarra insana a tocar no meu ouvido

E vejo

Mãos erguidas e sedentas em busca de salvação

À procura da água, do pão, na busca de entender, ao menos

Como ficamos assim, como tal ponto foi alcançado

Da exaltação de tão poucos em detrimento da maioria (ou sempre foi assim?)

A raiva da corrente, que cresce, à medida que a morfina se esvai

Acaba levando à fuga, que resulta na vingança (ou à justiça, como quiseres)

E o combustível então se mistura ao fogo, criando bela paisagem

Ao menos para os que se deliciam com essa arte equilibradamente caótica

E o leite? O leite segue derramado. Sem jeito.

Claucio Ciarlini (2016)

* Poema inspirado no mais recente filme do Mad Max.

Claucio Ciarlini
Enviado por Claucio Ciarlini em 13/02/2022
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