[ poesia-de-retalho e 10 min de atenção ]
microrevoluções surgem de quando burlamos os ritmos e os algoritmos!
a unica cela que me prende
é a da bike que me leva
a tantos becos vielas
a tantos cantos silêncios
a tantos planos grafites stencils
por tantas décadas milênios
andando nas ciclovias, passarelas
calçadas, parando em budegas
sertões, serras, praias,
pinto as estradas como telas
que viagem tá sob rodas
tá roxeda to nem vendo
mas mente pulsa
e debruça sobre os corres
a bike me emancipa, me liberta
e me faz ver
me socorre
e me mostra quem é de corre
ᅠᅠ
tudo bem tá lá em cima
cuidado que a queda é grande
prefiro ser pequenina
do que fingir que sou gigante
se eu for grande que eu tenha bases
que eu voe alto
se não com asas
que eu crie as naves
ᅠᅠ
não almejo casa grande
quero refúgio nos meus quilombos
aqui não há chicote
mas lá fora
há tiro no lombo disparado pelos covarde
meu lombo arde
é sol de 40 graus 12 horas por dia
num trabalho infernal
semanal
( cada dia tô mais preta queimada
sem protetor solar
sem cantar
sem cantor
é ardor nos lombo do pobre trabalhador )
[[[ sem álcool gel
que é mais caro que um pedaço de pão,
debaixo desse atual céu ]]]]
ᅠᅠ
década decadência
múltipla falência
tô perdendo minha essência
tô revendo o que é vital
que eu pra tá aqui ainda viva
fiz o que eu não devia
matei muitas de mim
no final
ᅠᅠ
e misturo tudo
é muita coisa ao mesmo tempo
tal hora sem ver eu penso
existem favelas
em outros planetas?
e nessas favelas,
chegam as minhas letras?
chegam os meus escritos
vou mandar por cometas
todos os meus rabiscos
que corpo construo na minha cidade?
que cidade construo com meu corpo na reta?
ᅠᅠ
não tem bula certa,
na esquina da santa casa
do alto, do cristo
um grito entalado no peito
eu que quero
eu quero
quero a poesia que te engasga
que te corta
que te enforca
e que te rasga
não quero poesia morta
quero poesia viva
minha poesia não é imediata
como a bala que atravessa a avenida
e finda a vida duma criança
quero meu verso inverso
quero montar na utopia
e construir meu universo
ᅠᅠ
no grito abafado
eu não quero representar sua voz
eu quero rasgar nesses escritos
todas as minha dores suprimidas
numa poesia supapo veloz
hey mah ta vacilando nazarea é?
hey mah não seja meu algoz!!!!!!!!!!
meça minhas dores com as tuas na balança
e verá que tamo páreo a páreo
eu não sou tua inimiga
chega a ser hilário
não me taca no fronte !!!!!!!!!!!
querendo ser mais afronte
jogo de pique esconde
jogo de vacilação
não esconde minha história
que jé nem será lembrada
se eu não crio memória
já fui apagada
já fui ofuscada
já fui colocada de banda,
colocada pra trás
e se eu grito agora
é que já em algum canto
o meu sub//sobreconsciente
já não suporta mais
ᅠᅠ
eu peço eu rezo
eu meço um palmo de profundura
nas profundezas do meu ser
da minha mente que mente pra minha barriga
não amanhecer com fome
e mesmo fome fomento
cultura daqui da quebrada
que não é quebrada
é contínua
é linha reta se quiser
e oscilante e vibra se quiser
é rabisco
é grafite
é pixo
você querendo ou não isso é cultura!
então surta, ou atura!
ᅠᅠ
cultura de periferia
que feria e fere o estado
que tem seus planos defasados:
prossigo sobrevivente em estado de poesia
vivendo na resistência
resistência
palavra que não sai de mim
pois verso sobre minha existência
na loucura de pensar algo que rime
eu me perdi do time
eu me perdi da vida
respeito minha raiva
respeito minha tristeza
respeito minha estrada
e cuido das minhas ferida
não quero mãe preta chorando
a lágrima escorrida do rosto
caiu, vira semente e brota
eu vivo uns dias sozinha,
eu vivo uns dias por terra
escrevo, apago, eu choro
ᅠᅠ
acolho em meus braços
seu choro, menino,
sua pipa voou, encontre seu ninho
ᅠᅠ
roberta já dizia
é que sou forte, sou viga, sou aço
assim sei viver, é como me acho
seguro, controlo, retenho, não vou
é o que reconheço, é o que tenho, o que sou.
subindo a escada que desce
desfiando o tecido que tece
vendo um bebê na criança que cresce
indo dormir quando o sol aparece.
ai que assim me quebro
e agora eu digo
ai que assim eu desvio o caminho
burlando as expectativas, eu cutuco as feridas, eu entendo meus bugs e se bloqueio minha mente
após vem cria-ação em meu corpo-memória
em contato com o chão
eu construo minha história, mesmo os que me dizem não, eu construo memórias, eu sou preta potência em super ascensão
ᅠᅠ
segurando meu flow
digo e repito a quem e de corre aqui presente
primeiro não desiste e comeca a sonhar
por segundo e mais importante
e se teu sangue costuma pulsar em versos
monte na utopia e construa seu universo