CANTO DO ACAUÃ
CANTO DO ACAUÃ
Quando eu parti
pela manhã,
ouvi o canto
do pequeno acauã.
Me danei logo
a me pegar com minhas guias
para ver
se eu podia
o meu dia melhorar.
E fui na feira,
fui trabalhar.
Com as bizarras
do meu jegue
fui vender
a manga rosa,
a macaxeira,
e a caiena,
quando vi uma cigana
bem bacana
pra valer:
- Ó cidadão
chegue pra cá,
vamos mexer...
essas moedas
tão paradas desse jeito
e esse fogo no meu peito,
quero logo lhe dizer.
E começou a falação.
Me disse logo
que eu iria enricar,
que nessas coisas de amor
não tinha corte,
que eu era homem de sorte,
que eu nasci para amar.
E foi-se embora
com meu tostão.
E me deixou
com uma grande ilusão,
que eu podia ser feliz
no meu destino,
mas eu sou um pobre nordestino
nesta grande enrolação.
E eu não quero mais entrar
nessas conversas,
já escutei vantagem à beça,
é demais, num guento não!
Xote de José Evaristo da Silva Neto (Vavá) (*)
& Nelson Marzullo Tangerini.
Vavá, um grande amigo, foi brutalmente assassinado
dentro de um banco em Botafogo,
o que me deixou, na época, muito abalado.
Ainda vou escrever uma crônica sobre ele.
NMT.