O Hermes Embriagado em Minha Pele é um Cantor
Eu canto os ossos
Além da natureza morta
Representada pelos escombros de corpos
Varridos para debaixo de estatísticas
Eu canto o movimento
De toda essa gente
Descontente no carnaval fora de época
Contente em alternar barulho e silêncio
Eu canto todo o engano
Dos últimos românticos
Crendo a certeza
Que seus tumultos cessaram
Eu canto o choro abafado
Fedendo a uísque velho
Minguado na saliva
Que borra cores em travesseiros
Eu canto a fome ao meu país
Tão ocupado em encontrar culpados
Enquanto arrastam corpos sem vida
Nos ombros como xale de viúvas
Eu canto minha angústia
Em espelhos de corpo inteiro
Me amarás? Ressentido? Envergonhada?
Interpreto tanto que me perco entre palcos
Eu canto a derrota em corpos infrutíferos
Cheios de sonhos eunucos
Desejando destruir a fórceps os sorrisos
Conquistados por renuncias pesadas
Eu canto paisagens de pesadelos
Como um homem que erotiza tudo
Eu canto o vale da morte como se fosse Hermes
Carregando mensagens e fagulhas de espíritos