MADRUGADA MISERÁVEL
MADRUGADA MISERÁVEL
As madrugadas passeiam,
Aproximando-se de hóspedes tardios,
Quando a juventude surge,
No tato dos raciocínios simples.
O túmulo dos restos floresce,
Em abrigos eventuais.
A guerra estável dos lugares,
Sob a mesmice das sementes,
Habita em construções e alicerces,
De inutilidade periférica.
O ter absurdo,
Distante dos percursos,
E das fronteiras amigáveis,
Dura apenas uma noite.
Ao atormentar o depois,
A vida herda crianças,
Que não sabem da maldade.
Furtiva ou roubada,
A mentira ideal da ingenuidade,
Sente as consagrações do mundo,
Como um logo,
Envelhecido pela luz do amor.
Grato e fundo,
O olhar fala,
Da queda do já.
O abraço das horas,
Diz do ódio ao não.
Ao amar coisas,
As crenças nascem do mistério.
Os feitos das descidas,
Elevam as pedras.
Em união com a sede,
O sangue invade.
O outro, sem metades,
Mendigo do agora,
Vai-se em dormências.
Arejada e baldia,
As armas da fisionomia,
Cobram resignadas,
A morte da antiguidade.
O terror enfrenta o choro,
Com uma dor forasteira.
A missão nobre da moral,
Pela chantagem pálida da raiva,
E com a neurose dos cantos,
Aprende a escutar,
Com o reino dos meios,
Ouvidos pela concordância.
Encostada ao deserto,
A miséria se compadece de si mesma.
Sofia Meireles.