MADRUGADA MISERÁVEL

MADRUGADA MISERÁVEL

As madrugadas passeiam,

Aproximando-se de hóspedes tardios,

Quando a juventude surge,

No tato dos raciocínios simples.

O túmulo dos restos floresce,

Em abrigos eventuais.

A guerra estável dos lugares,

Sob a mesmice das sementes,

Habita em construções e alicerces,

De inutilidade periférica.

O ter absurdo,

Distante dos percursos,

E das fronteiras amigáveis,

Dura apenas uma noite.

Ao atormentar o depois,

A vida herda crianças,

Que não sabem da maldade.

Furtiva ou roubada,

A mentira ideal da ingenuidade,

Sente as consagrações do mundo,

Como um logo,

Envelhecido pela luz do amor.

Grato e fundo,

O olhar fala,

Da queda do já.

O abraço das horas,

Diz do ódio ao não.

Ao amar coisas,

As crenças nascem do mistério.

Os feitos das descidas,

Elevam as pedras.

Em união com a sede,

O sangue invade.

O outro, sem metades,

Mendigo do agora,

Vai-se em dormências.

Arejada e baldia,

As armas da fisionomia,

Cobram resignadas,

A morte da antiguidade.

O terror enfrenta o choro,

Com uma dor forasteira.

A missão nobre da moral,

Pela chantagem pálida da raiva,

E com a neurose dos cantos,

Aprende a escutar,

Com o reino dos meios,

Ouvidos pela concordância.

Encostada ao deserto,

A miséria se compadece de si mesma.

Sofia Meireles.

Sofia Meireles
Enviado por Sofia Meireles em 12/01/2022
Código do texto: T7427758
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