O Rude

Realidade dói,

E não é consumida,

Indigesta,

Fria,

Cutuca,

Abre feridas.

Realidade vive em bancos e calçadas,

Pedindo ajuda,

Em meio ao frio da madrugada.

Realidade é o que vê e não se come,

Um fast-food lotado,

E fora um menino que com os olhos consome.

Realidade é a mãe que caça,

E não dorme,

Desempregada,

Trava guerras todos os dias,

Contra a impiedosa fome.

Realidade é uma forma de amor,

Que a ilusão exclui,

Paixão frente a fome que mata,

Desilusão que a verdade produz.

A fome é vento,

Paixão é brisa,

Um choro de sofrimento,

Lágrimas o amor propicia,

Um sol que a seca propaga,

Um outro bronzeia,

Acaricia,

No limbo a incerteza é exata,

Ilusão deixa a mente vazia,

Sensível escreve à amada,

O rude as chagas da vida.

Eu,

Cavando minha cova com minhas palavras,

Elas lutam contra um fim,

A derrota é certa,

Mas nunca se dão por vencidas.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 10/12/2021
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