A DOR DA FAMÍLIA
Tinha só um sonho, Maria
Ser feliz com seu José
Encher de filhos a casa vazia
Provar à Deus sua fé.
Não alimentava ilusão
Sabia bem seu papel
Manteria sempre os pés no chão
E seu coração lá no céu.
Onde come um, entendia
Comem dois
E que a tristeza é o passaporte para outra alegria
Dos dias que virão depois.
O tempo deixa grisalho
Os cabelos de Maria
E sua prole sem agasalho
Aumenta, com fome, na cama fria.
Tanto pranto derramado
Sem consolo e sem guarida
Fazem um anjo imaculado
Intervir em sua vida.
Aparece em suas noites de vigília
Na figura do filho assassinado.
Pedaço arrancado de Maria
Sob a cruz, na cova rasa, jazia enterrado.
Jamais ousou conceber
O retorno do filho Jesus!
Dando prova de ainda viver
Aureolado em sua própria luz.
Tanto Maria quanto José
Miseráveis por tantos empecilhos
Condenavam os que abalaram sua Fé
Enterrando seus sonhos no mesmo túmulo do filho.
Repetir-se-ia o instante tão acolhedor
Na voz do filho, que confortava e pedia:
__Perdoai, meus pais, em nome do Amor
Deste teu filho, Jesus, tão junto à vocês, José e Maria!!.