A DOR DA FAMÍLIA

Tinha só um sonho, Maria

Ser feliz com seu José

Encher de filhos a casa vazia

Provar à Deus sua fé.

Não alimentava ilusão

Sabia bem seu papel

Manteria sempre os pés no chão

E seu coração lá no céu.

Onde come um, entendia

Comem dois

E que a tristeza é o passaporte para outra alegria

Dos dias que virão depois.

O tempo deixa grisalho

Os cabelos de Maria

E sua prole sem agasalho

Aumenta, com fome, na cama fria.

Tanto pranto derramado

Sem consolo e sem guarida

Fazem um anjo imaculado

Intervir em sua vida.

Aparece em suas noites de vigília

Na figura do filho assassinado.

Pedaço arrancado de Maria

Sob a cruz, na cova rasa, jazia enterrado.

Jamais ousou conceber

O retorno do filho Jesus!

Dando prova de ainda viver

Aureolado em sua própria luz.

Tanto Maria quanto José

Miseráveis por tantos empecilhos

Condenavam os que abalaram sua Fé

Enterrando seus sonhos no mesmo túmulo do filho.

Repetir-se-ia o instante tão acolhedor

Na voz do filho, que confortava e pedia:

__Perdoai, meus pais, em nome do Amor

Deste teu filho, Jesus, tão junto à vocês, José e Maria!!.

Néo Costa
Enviado por Néo Costa em 02/12/2021
Código do texto: T7398640
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