Ditadura da Cultura
Literários marginais,
Não somos todos iguais.
Alguns menos,
Outros mais,
Só a nós somos leais.
Nos armamos de palavras,
A cadeira é viatura,
Nem de farda,
Ou gravata,
Linguajar nasce na rua.
Munduruku não pede água,
É nativo da cultura,
Elitizado em solo fértil,
Volta às origens,
Pela mãe lua.
Eu ando por outras vias,
Sem asfalto ou mão dupla,
Uma estrada sem retorno,
Linha reta,
Não há curvas,
Ninguém sabe onde leva,
Nem se aguentam,
As estruturas,
Carrego um peso dos meus versos,
Em brochura capa dura.
Se não chego onde devo,
É devido a ditadura,
Imposta por editoras,
Dinheiro virou cultura.
Agonizo em telas frias,
Vendo a morte em poesia.
Seu Gullar foi abatido,
De Barros, querem esquecido,
Leminski foi excluído,
Quem sou perante o atrito?
Um louco,
Enfurecido,
Testemunha de mais um genocídio.