MESA DE BAR
UM POVO ENGRADO
[Letra para uma
Bossa nada nova]
Mesa de bar,
brisa do mar
e a triste certeza:
nada a mudar.
Chope gelado,
um papo furado,
frases vazias,
na mesa ao lado.
Mentiras no ar,
a fome no lar,
e a velha esperteza:
filhote a roubar.
Um homem tapado,
à cultura fechado,
com mãos muito frias,
e o povo calado.
Há algo no ar,
ninguém a sonhar;
na correnteza
começo a pensar:
um povo fadado,
a manter-se calado,
conta seus dias
naquele engradado.
Mesa do lar,
comida a faltar;
e aquela tristeza:
navio sem mar.
NELSON MARZULLO TANGERINI