IRA

A mão alta, mira em sua direção,

a rosa se fragmenta em cada pedaço de chão.

Suas almas intranquilas padecem à ira,

o sangue tinge de vermelho a terra onde o verde planta a esperança.

Ana, pura de alegria, apagou o riso em plena luz do dia.

As lágrimas dos que padecem se infiltram,

talvez voltem em densas gotas de chuva trazendo compaixão,

transbordem o coração do invasor,

reponham os frutos do agricultor.

Os indefesos querem gritar, mas não existe voz, silêncio em toda região.

Os genocidas não poupam as borboletas que estão no casulo,

nem as mariposas que só querem sombra para deitar seu cansaço.

A mão que segura a enxada está desamparada,

o senhor dos horrores não cultiva flores,

capim é o que alimenta sua riqueza, irriga seu cérebro vazio.

A esquina sombria espreita em silêncio para calar a voz de outro inocente,

que ouviu o estampido dos tiros à luz do seu olhar.

A escuridão se arrasta como um manto negro a cobrir de luto todos do lugar,

a luz não vem.

Os que ainda restam olham para o céu, é tudo que têm;

esta festa onde a dança dos corpos só tem uma direção,

fortalece o gado em seu reinado.

Os sorrisos aterrorizados foram os primeiros a serem enterrados,

o medo se entrelaça nas retas e curvas do labirinto,

a justiça cega de um olho teme por sua vida,

a outra vista cala e consente e esconde a ferida,

ambas não veem, a libertação não vem.

Orlando Alves Ribeiro
Enviado por Orlando Alves Ribeiro em 03/11/2021
Código do texto: T7377902
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