A Capela da Humanidade
Do alto do morro,
Próximo aos céus,
Cravada em uma pedra,
Construíram uma capela.
Escadas levam a ela,
Parte do caminho,
São pedras,
Todos vão,
E acendem velas,
Fazem preces,
E promessas.
Dentro dela,
Está Jesus de Nazaré,
Orixás estão em volta,
Em eterna sentinela,
Buda está em outro canto,
Shiva,
Próximo a janela.
Kardec está pendurado,
Na parede amarela,
Xamanismo é praticado,
Em uma tenda,
Dentro dela.
Uma pedra,
Que aponta para Meca,
Moisés tem seus seguidores,
Alá,
Presente nela.
Chegam muitos pés descalços,
Joelhos ralados,
Cavalos e bicicletas.
Uns procuram por abrigo,
Outros algo para preencher a panela.
Toda fé ali se encontra,
Toda lágrima,
E sequela.
Almas que imploram perdão,
Almas que o tempo flagela.
Lá se encontra carinho,
Abraço,
Que liberta de celas.
A Capela da Humanidade,
Onde todos,
Por todos zelam,
A miséria encontra abundância,
Quem quer paz,
Faz uma reza,
Não importa a religião,
Importa a intenção,
Que carrega dentro dela.
…
Aqui em baixo há tanto sofrer,
Rói o osso tentando sobreviver,
Sem trabalho, arroz e feijão não há,
E o custo de vida,
Capital tenta nos matar.
Erguemos as mãos ao alto,
Gritamos,
Tentando a Deus chamar.
Mais a fé ainda vive,
Um dia Ele vai nos escutar.