ÚLTIMO SUSPIRO
No vão vazio
O cálice de vento
Sustenta o aumento.
 
Não, não invento!
Nas margens dos rios
Lamas e bichos
Se misturam 
Uns morrem
Outros agonizam.
 
É a fome
É a seca
É a miséria
É a espera.

A espera de quê?
Da dose de cicuta?
 
Não, é pior que isso,
A dose é de fome
Alimentando a crise.
De ansiedade?
 
Falta o alimento,
Falta a água,
Base do sustento.
Sobra ansiolítico
O elixir da felicidade
Na madrugada
Ou no final da tarde.
 
Nesse momento
Mais um morre
Outro delira,
Outros conspiram
Querem mais.
 
Ainda tem sangue
Chupa tudo!
Até a última gota
E quando acabar
Vai para a outra
Vítima da fome.
 
Sinto-me fraco
Mal respiro
Eles sugam
Meu último suspiro!
JOEL MARINHO