Ossos do Sacrifício

Leniência,

Não é Subversão,

E há empregos que se assemelham a escravidão.

Com vira latas,

Disputamos a comida,

Roemos ossos,

Garantindo a refeição.

Enquanto uns reclamam do valor da gasolina,

Outros não ganham,

Nem para comprar o pão.

Mas paciência,

O dedo aperta outra ferida,

Que não é sua,

E não desperta compaixão.

E de joelhos,

Oramos por uma sobrevida,

Economia,

Caminha contra a retidão.

Amamos um Cristo,

Que o pouco dividia,

Idolatrados,

Aos que sujam as próprias mãos.

Ainda criamos,

Uma tal hierarquia,

Superiores,

Aos que não tem mais opção.

E nas igrejas,

Para entrar,

Fazemos filas.

Mas pelo medo,

De uma futura punição.

Deuses se erguem,

Um novo Cristo se cria,

Onde a ganância,

É sinônimo de perdão.

Se julga o pobre,

Vagabundo,

Escora no bolsa família.

E a injustiça,

Justificada em pregação.

Toda palavra distorcida,

Acende a chama,

De um céu criado pela própria ilusão.

Se há inferno,

Mantém vela aquecida,

Pois é para lá,

Que se destine à sua oração.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 09/10/2021
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