Passeio pela literatura

Sou resultado da mistura

do branco, índio, do negro;

o cruzamento chegou

Com os comandos do Pedro.

O intercâmbio começou

com portugueses chegando.

Pena que eles trouxeram

Facínoras degredando.

Os índios antepassados

receberam-no como deuses;

mas logo perceberam neles

corpos iguaiszinhos aos seus.

Aquele tempo passou,

a negritude chegou,

substituindo o nativo

que não se escravizou.

A soma dessas três raças

uma batendo e rezando;

outra cantando e apanhando

a conquistada acabando.

Muitíssimo diferentes;

mas tão semelhantes,

formam-se vários Brasis’

com nativos e imigrantes.

Os índios comiam carne,

caça e peixe com farinha;

no Cortiço João Romão,

comia peixe com pão.

A pluralidade cultural,

Resultante de tudo isso;

são os espertos vencendo

sem ética ou compromisso.

A nossa economia rural,

Anda Santarosando;

embora de fogo morto

os sem terra caminhando.

O nordeste ainda hoje

é vitima da politicalha

da qual falava Rui;

maltratam a população

com promessas absurdas,

transformam em nada

o sonho do povo que não evolui.

Manipulam os setores

Casmurros da realidade;

Sem conhecimento de causa

são os donos da verdade.

E os corpos secos

de homens e animais

assemelham-se à paisagem.

Tudo ressecado, sem força,

sem vida, fazendo Sucesso,

Só nas filmagens.

E cá estamos nós,

neste trabalho profundo,

tentando captar

a essência do sentimento do mundo.

A classe dominadora

que vinha nas caravelas

está por toda parte

no domínio das mazelas..

A classe dominada,

que também veio nelas,

juntou-se ao manancial

descendentes de índios, negros

e os degredados de Cabral.

Juntando-lhe juventude,

com a maturidade

do Brasil de quinhentos anos,

continuamos trocando pedras preciosas

por presentes coloridos,

e a nossa terra devastando.

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Contextualizado nos livros:

Literatura do descobrimento

Dom Casmurro – Machado de Assis

O Cortiço – Aluísio Azevedo

Fogo Morto – José Lins do Rego

O sentimento do Mundo –

Carlos Drumonnd de Andrade

Por ocasião do concurso

“Viagem Nestlé pela Literatura”

Benedita Silva de Azevedo

Praia do Anil, 18 / 09/1999