Preconceito de gênero
Preconceito de gênero mata
Vivo a cada dia um eu diferente
Ando em caminhos diversos
Procuro um eu que me leve a um único eu. Eu mesma.
Filha, Esposa, Mãe, Avó? O que sobrou?
Parentes? Amigos? Tive, os perdi.
Me olho no espelho
Vejo o vulto do que fui.
Uma filha que cresceu e perdeu a ternura;
A esposa que amou, doou, apanhou, sofreu e morreu.
Um esposo que jurou, traiu, feriu e fugiu;
Uma mãe que se perdeu entre os espinhos dolorosos da missão.
A filha de um pai que não se apresentou.
Sou mulher. Ou um Ser?
Não, não sei. Serei eu o que me definem?
Vivo uma mistura de sentimentos confusos.
Ora sou filha sem mãe.
Ora sou mãe sem filhos.
Ora esposa, sem identidade.
Ser inanimado?
Ser humano? Ou ora humano, ora desumano?
Egoísta? Egocêntica ? Mas, às vezes sou até palpável!
Tenho coração, porém, vazio.
Sim, tenho vida, porém, sem cor.
Sexo? Não sei.
Quem eu sou?
Uma mulher, apenas uma mulher que seu preconceito matou.