Cem anos
Na aldeia que habito
há mais bandeiras do brasil
do que livro.
mais patriotismo
alusão à mito
que arte.
na aldeia que habito
tá caro o combustível
o feijão a carne
a luz a água
mas o medo
é do comunismo
porque todo mundo pensa
que é rico
resolvendo problema
no grito.
não há diversidade
o debate é suprimido
amam caridade
há fila no postinho
a máscara é invisível
Chico Buarque não toca
na rádio
apagaram o grafite
do halfe.
apagaram tudo
pintaram tudo de preto
vai ver é luto
morreram duzentos e cinquenta
de pandemia.
há mais coach que filosofia
violência à solidariedade.
Macondo
há cem anos de solidão
na cidade.