O apêndice
Um dia, cedo, abri meus olhos paulatinamente
E percebi no meu pulso uma corrente.
Preso a ela e à minha mão, um apêndice
Que parecia ter vida própria,
Parecia dominar meu corpo,
Parecia dominar minha mente.
E, por muito tempo, posteriormente,
Convenceu-me a desfazer amizades.
Fez-me esquecer dos meus momentos contentes.
Ensurdeceu-me e deixou-me mudo.
Vi, então, que eu já nem era mais gente.
Talvez fosse apenas um escravo de tudo.
Talvez fosse, neste século, um indigente,
Preso a um mestre sem cérebro;
No entanto, vivo e onisciente.
O apêndice imponente
Até mesmo do sono me fez fugaz.
Porém, certa noite, de repente,
Percebi que eu, involuntária e transigentemente,
É que segurava a tal corrente.
Soltei...
Encontrei liberdade, finalmente,
A qual, antes, abandonara inconscientemente.
Hoje, cedo, abri meus olhos paulatinamente
E percebi no meu pulso uma corrente.
Preso a ela e à minha mão, um apêndice
Que parecia ter vida própria,
Parecia dominar meu corpo,
Parecia dominar minha mente...