O apêndice

Um dia, cedo, abri meus olhos paulatinamente

E percebi no meu pulso uma corrente.

Preso a ela e à minha mão, um apêndice

Que parecia ter vida própria,

Parecia dominar meu corpo,

Parecia dominar minha mente.

E, por muito tempo, posteriormente,

Convenceu-me a desfazer amizades.

Fez-me esquecer dos meus momentos contentes.

Ensurdeceu-me e deixou-me mudo.

Vi, então, que eu já nem era mais gente.

Talvez fosse apenas um escravo de tudo.

Talvez fosse, neste século, um indigente,

Preso a um mestre sem cérebro;

No entanto, vivo e onisciente.

O apêndice imponente

Até mesmo do sono me fez fugaz.

Porém, certa noite, de repente,

Percebi que eu, involuntária e transigentemente,

É que segurava a tal corrente.

Soltei...

Encontrei liberdade, finalmente,

A qual, antes, abandonara inconscientemente.

Hoje, cedo, abri meus olhos paulatinamente

E percebi no meu pulso uma corrente.

Preso a ela e à minha mão, um apêndice

Que parecia ter vida própria,

Parecia dominar meu corpo,

Parecia dominar minha mente...

Jardel William
Enviado por Jardel William em 01/09/2021
Código do texto: T7333304
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