Lágrimas Secas
Nos versos de Patativa do Assaré,
Caminho pelo chão rachado da seca
Entre mandacarus e urubus do Sertão.
Os olhos do horizonte não enxergam
O Velho Chico,
Diante de um acorde de Luiz Gonzaga,
A relembrar as histórias de Lamarca e Lampião
Pelo Sertão.
A poesia é poeira na veia
De João Cabral de Melo Neto,
Mas incendeia nas mãos de Graciliano
E Guimarães Rosa ao som de um repente
Feito numa roda em Arcoverde.
A caatinga me fere com os seus espinhos,
Com o seu olhar de morte em desalinho.
Os retirantes fogem, clamam e pedem
Para Padre Cícero pelas bênçãos das chuvas de São Pedro
Aos olhos de um São João num foguetório dos infernos
Entre os braços de Suassuna e de João Grilo, O Amarelo,
Que representam o Sertão.
As mulheres ficam num olhar triste,
Enquanto os homens buscam alimento
E salvação em terras alheias do Sertão.
Deixam família, casa e coração,
Para um dia voltar
E verem com outro olhar o Sertão.
Os retirantes fogem da fome,
Da seca, da morte em busca da salvação!
Os sertanejos são fortes,
Mas a seca do Nordeste
É fera e os engole...
Anjinhos nascem e morrem...
...para serem sepultados num chão pobre.
As rachaduras são rios de lágrimas secas
Ao olhar dos versos de um menino a lamentar
Entre a poeira ao lado de uma carcaça de boi
Nas mãos do Sertão brasileiro.
(Rodrigo Poeta de Cabo Frio-RJ. – 15/10/07)
*Poesia publicada na coluna Momento Lítero Cultural do Poeta Selmo Vasconcellos no site: site:http://www.rondoniaovivo.com/exibenot0.php?id=33968