Mundo imundo

Quem comanda só pode ser um vagabundo!

Houve um cavalo de pau e na seqüência

voltamos à estaca zero,

os pobres nas filas dos ossos

comendo quirelas, raspas de arroz ou pão seco quando acha,

expostos as dez, sol a pino, pra que saibam quem manda.

Com gratidão ainda abaixa a cabeça.

A ordem e o exemplo vem do alto,

pau na Raimunda, explore menores

escravize a mão de obra, menosprezem as normas

açoite o Zé, Maria perdeu a fé,

igrejas são empresas que visam lucros.

Tomem as terras dos índios, dos quilombolas

se for necessário enquadre na bala,

batem palmas pra grilagem do solo, do subsolo.

Derrubem as matas, queimem o cerrado,

a Amazônia é nossa.

Acabe com o açude, o lago, o rio, o mar.

Eliminem as leis, a cultura, a arte.

Torrem os arquivos, os prédios históricos

museus, bibliotecas, livro é lixo,

cisco só polui o espaço e a mente.

Espalhem as mentiras, insufla a violência,

de vazão ao bicho estúpido e ignorante

que esta aí dentro de voce .

Espalhe as armas pra quem pode,

Pra quem tem poder ou grana,

afinal tem que se defender

dos injustiçados, dos desempregados famintos

dos doentes, dos carentes, dos quase defuntos.

Se cerquem de I.A. por que não querem ver gente

não circulem, ou quando quiserem voem

pra bem longe, por que aqui não é mais lugar de gente

Não é mesmo?