OLHOS SEM UMA FACE
Vejo rostos de um lado a outro
de cima a baixo
subindo e descendo
sobre mim
Alguns parecem cegos
outros me enxergam pelas costas
Sempre apressados
Vejo rostos que não me veem
Mesmo me enxergando bem
como pais ausentes
E no meio da enxurrada:
(uma multidão de olhares)
Abrigo-me no vão de uma calçada
Atenta à minha pouca luz
ela abre e fecha a visão
Pelo sol do que sabe dizer
Sem pressa ela me ajeita
oferece outro nada
que me acolhe como a paz
Sei que ela me diminui
Mas, ao menos,
ela é igual a mim.