ESTIGMA
Vi alguém de pele escura
Chorar de amargura
Um antigo preconceito.
Eram lágrimas cristalinas
À aliviar o peso da sina
Feito cruz do “defeito”.
Vi junto ao olhar abandonado
Aquele estigma naturalizado
Efeito da resignação.
Tantos anos de luta
Gritos por direitos que ninguém escuta
Vencidos, mais uma vez, pela discriminação.
Vi que aquele “alguém” nada exigia
Apenas seu olhar longínquo pedia
Amparo à sua dor.
Nada mais restou senão a música de fundo
E meu desejo contido de vomitar no mundo
Abrigo ainda de tanta falta de Amor.