CALADO
Francisco de Paula Melo Aguiar
Diante da ausência de quem cala.
Nas perguntas e nas respostas.
Destruidoras nuas de tudo que não fala.
Do silêncio inato sem propostas.
Pergunte a todas as ausências.
Do silêncio de quem se abstém a falar.
Privação voluntária ou não das turbulências.
Com a boca fechada e nada a pronunciar.
Aréu não sabe o que fazer.
Qual a decisão a tomar.
É hesitante, palermo, nada a dizer.
Tolo ou bobo da corte no ar sem respirar.
Nada a resmungar, não dar uma palavra.
Fica mudo, sem som a se manifestar.
Não tem argumento, um til, nem lavra.
Fica de olhos lassos e nada a declarar.